segunda-feira, 20 de abril de 2009

Eu preciso envelhecer!

35 anos para ser feliz
Martha Medeiros

Uma notinha instigante na Zero Hora de 30/09: foi realizado em Madri o Primeiro Congresso Internacional da Felicidade, e a conclusão dos congressistas foi que a felicidade só é alcançada depois dos 35 anos. Quem participou desse encontro? Psicólogos, sociólogos, artistas de circo? Não sei. Mas gostei do resultado.
A maioria das pessoas, quando são questionadas sobre o assunto, dizem: "Não existe felicidade, existem apenas momentos felizes". É o que eu pensava quando habitava a caverna dos 17 anos, para onde não voltaria nem puxada pelos cabelos. Era angústia, solidão, impasses e incertezas pra tudo quanto era lado, minimizados por um garden party de vez em quando, um campeonato de tênis, um feriadão em Garopaba. Os tais momentos felizes.
Adolescente é buzinado dia e noite: tem que estudar para o vestibular, aprender inglês, usar camisinha, dizer não às drogas, não beber quando dirigir, dar satisfação aos pais, ler livros que não quer e administrar dezenas de paixões fulminantes e rompimentos. Não tem grana para ter o próprio canto, costuma deprimir-se de segunda a sexta e só se diverte aos sábados, em locais onde sempre tem fila. É o apocalipse. Felicidade, onde está você? Aqui, na casa dos 30 e sua vizinhança.
Está certo que surgem umas ruguinhas, umas mechas brancas e a barriga salienta-se, mas é um preço justo para o que se ganha em troca. Pense bem: depois dos 30, você paga do próprio bolso o que come e o que veste. Vira-se no inglês, no francês, no italiano e no iídiche, e ai de quem rir do seu sotaque. Não tenta mais o suicídio quando um amor não dá certo, enjoou do cheiro da maconha, apaixonou-se por literatura, trocou sua mochila por uma Samsonite e não precisa da autorização de ninguém para assistir ao canal da Playboy. Talvez não tenha se tornado o bam-bam-bam que sonhou um dia, mas reconhece o rosto que vê no espelho, sabe de quem se trata e simpatiza com o cara.
Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões. A juventude faz bem para a pele, mas nunca salvou ninguém de ser careta. A maturidade, sim, permite uma certa loucura. Depois dos 35, conforme descobriram os participantes daquele congresso curioso, estamos mais aptos a dizer que infelicidade não existe, o que existe são momentos infelizes. Sai bem mais em conta.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Onde há gente (de verdade) nesse mundo?

''Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?''
Álvaro de Campos

Digam-me! Onde há gente nesse mundo?
Estou cansada de pessoas boas em tudo. Gente que não erra, não tem espinha, não tem mau hálito quando acorda ou que o cabelo nunca está ruim.
Quero gente que chora! Chora com sinceridade... Sofre com intensidade.
Gente que sorri para uma criança, para um idoso, para um homem, para uma mulher... Gente que sorri!
Meu Deus, por que é tão difícil falar sobre fraquezas?
Eu, sinceramente, me sinto melhor quando falo sobre as minhas. Sinto que isso me aproxima mais das pessoas do que as minhas vitórias.
Estou farta dos super-heróis que me rodeiam. Super-heróis que se esquecem que possuem a maior fraqueza de todas... Ignoram a maravilhosa oportunidade de ser humano.

Luana H.